Caridade na Umbanda – O que fazemos é realmente Caridade?
- Michel Antero
- 5 de set. de 2018
- 5 min de leitura
Hoje me peguei pensando no conceito de caridade e o que ele significa para a religião de Umbanda e cheguei a seguinte conclusão.

Antes de tudo, vou frisar que esse é um artigo de opinião, ou seja, você não é obrigado ou não precisa concordar com o que eu penso.
Desculpa a forma que eu comecei, mas achei necessário começar de uma forma mais enérgica, porque eu sei que ao entrar em um conceito tão enraizado na gente, como é o da caridade. Acredito que alguns acharão ruim, outros terão estranhamento e, talvez, não aceite a opinião alheia. Mas acho válida a reflexão para todos. Por isso, comecei o texto de hoje assim.
Hoje cheguei à conclusão de que gratidão, generosidade ou cidadania não são sinonimo de caridade. Por sua vez, caridade é gratidão, generosidade e cidadania. Entenda que a caridade por si só, ela é maior do que alguns pregam.
Na minha opinião, que é reforçada pela sua própria definição no dicionário, caridade é “amor a Deus e ao próximo”. Sendo assim, caridade é amor, é o amor ao próximo, é o amor incondicional, é o amor de verdade.
Parece tão simples, não é mesmo? Mas amar ao próximo é muito mais complexo do que pode parecer.
Nada é mais comum nas religiões (isso é em todas elas) do que a prática da “caridade”, principalmente na religião de Umbanda que tem isso como Lei.
O que me chama muito a atenção e o que motivou esse texto, é a forma como é feita a, tal, caridade. Posso estar errado em afirmar isso, mas o que eu mais vejo, são umbandistas falando que estão em algum projeto social ou apoiando alguma causa, não de coração, não por inteiro, não por AMOR, mas porque alguém, que eles não sabem quem, disse ao pai de santo, que, por sua vez, disse para esse umbandista que era isso o que deveria ser feito.
Para esse tipo de umbandista, que pratica a caridade por praticar ou faz de forma mal feita, na minha opinião, não é feita a caridade, pois não é feito de coração. Não é feito com AMOR.
No máximo o que está sendo praticado é só o ato de ir a algum lugar ou de dar alguma coisa a alguém que precisa, ou seja, sendo generoso ou sendo um simples cidadão.
Posso estar sendo um pouco radical ou estar generalizando, mas acredito que a maioria dos atos que fazemos (onde até eu me incluo), é a prática da gratidão ou a cidadania.
Justifico a afirmação anterior, com o seguinte argumento, tudo o que fazemos é uma forma de retribuir ao mundo o que tivemos a sorte de ter. Se doamos é porque temos a condição de ter e dividir. Por termos um pouco mais que o outro menos afortunado, ou seja, temos a possibilidade de ceder a ele para que ele possa ter também, sem nos prejudicar.
Ainda de acordo com esse pensamento, poucos são o que fazem caridade. Porque a caridade está ligada diretamente ao amor e, se está ligada ao amor, é algo muito maior. É se entregar de coração, é ir de corpo e alma, é dar sem esperar de volta, é dividir com prazer de dividir, é encher os olhos de lágrimas quando prestar algum ato de cidadania, porque o peito está cheio de amor.
Por isso, a minha pequena conclusão, CARIDADE NÃO É UMA AÇÃO, É UM SENTIMENTO.
Sentimento esse que nos dá liberdade e nos preenche, porque não há uma cobrança e fazer aquilo que foi feito.
O amor do qual estou falando, não é esse amor que sentimos pela nossa família ou nossos amigos, mas amor que transcende, que te faz olhar além. É o amor que Jesus , Madre Tereza, Gandhi ou Mandela se você preferir, olharam para o seu povo. Eles não sabiam quem eram aquelas pessoas, não sabiam de onde vinham e quais eram as suas histórias, mas o “nada” que eles tinham, eles dividiam sem se importar.
Ainda como diz o ditado, caridade é fazer o bem sem olhar a quem e não só fazer quando quero ou para quem eu quero. Nesse sentido, caridade é dar o que tem e se sentir feliz e realizado pelo outro. Mais uma vez, a caridade transcende você.
Na minha opinião, a caridade maior e mais simples que podemos fazer, é dar bom dia. Sim, dar bom dia, seja ao funcionário da portaria, ao atendente da loja, ao motorista da condução, desde que seja de coração, desde que você, realmente, nesse simples cumprimento, esteja desejando que ele ou ela tenha um dia bom, tranquilo, confortável, que tenha sorte, que se estiver com algum problema que esse se resolva da melhor forma possível, que o seu peito encha de orgulho e amor ao cumprimentar essa pessoa.
A caridade ela é mais simples do que parece, mas ao mesmo tempo é mais complexa do que se espera.
É mais simples no que tange as obrigações. Porque você não precisa fazer, fazer e fazer de forma vazia. Você não precisa se cobrar para dar algo de comer ou colaborar com seu dinheiro a um pedinte, só porque te disseram que isso que você tem que fazer. Você também não precisa ir a um asilo, orfanato, centro de reabilitação ou hospital infantil, só porque te disseram que é que você tem que fazer. Não adianta ir por ir ou fazer por fazer.
A caridade se torna mais complexa, pois exige de você amor. Exige que se você for fazer algo que faça por completo, que faça por inteiro, que faça sentindo que aquilo é o certo a se fazer, que era isso que você queria fazer e não uma obrigação.
Quando se vive a caridade, se pratica a gratidão e a cidadania de forma espontânea, tudo o que você se propõe a fazer é feito com amor, com empenho e dedicação.
Te garanto que o sentimento que nos invade é muito maior do que quando se faz por obrigação. Lembre-se, você não é obrigado a nada. Não crie dogmas onde não há. Não pense que só porque você não deu seu último dinheiro a um pedinte, não foi a uma visita ou não levou um alimento ao local que você frequenta, você vai para o “inferno”. Não é errado você fazer essas coisas, você fez o que sentiu que deveria fazer ou, talvez, nesse dia você não teve condições. Isso é muito melhor e muito mais sincero do que se você tivesse feito por fazer.
Meu último argumento é o seguinte, os guias e mentores, esses sim, fazem caridade, eles não têm necessidade de vir aqui, na terra, é dividir o que sabem conosco, de nos dar um conselho e de nos ajudar com questões do dia a dia. Entretanto, eles vêm assim mesmo e ajudam como pode.
Sabe por que eles fazem isso?
Fazem isso por amor, para ajudar e, consequentemente, praticar a caridade.
Bom, como eu disse no começo desta reflexão, você não é obrigado a concordar comigo, isso é só uma opinião, a minha opinião. Foi um momento meu de devaneio. Sendo que para mim, isso faz sentido.
Espero, de coração, que esse meu devaneio possa trazer reflexões para você também. Espero, também poder ajudar e poder com isso te fazer evoluir como ser e como espírito.
Obrigado por ler.
Até a próxima.
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